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Abraçando o que amo


Outro dia ouvi um episódio do podcast do Andy J. Pizza que fala sobre obsessões.

Sobre abraçar obsessões e encontrar o nosso gênio interior.

Isso me marcou mais do que eu esperava e até hoje estou refletindo sobre isso.

Para entender melhor minhas ideias, resolvi escrever uma carta aqui.


Muitas vezes como artista, fico querendo explorar coisas diferentes, temáticas diferentes, materiais diferentes, cores diferentes... E ultimamente tenho tentado de tudo para diversificar, para sair da mesmice (às vezes disfarçada de tédio).

Foram inúmeras ilustrações sem muito significado, apenas explorando, experimentando.

Esse episódio do podcast somado com minhas frustrações atuais me fizeram pensar: por que não voltar ao mesmo de sempre? Isso é ruim?

Hoje em dia um dos jeitos mais eficazes de divulgar nosso trabalho é pela Internet, mais especificamente pelas redes sociais. Tenho meu trabalho pessoal, mas para de fato viver como artista, pagar boletos, comida, ração dos gatos, o que importa é o dinheiro. Nas redes sociais me faço presente e convido empresas a me contratar.

O Instagram mudou minhas obsessões. É isso.


No comecinho, quando estava entrando no mundo dos desenhos, eu fazia de tudo, principalmente desenhava de observação e de cópia. Com o tempo, fui entendendo o que mais gostava de fazer, como gostava de representar as coisas, e por algum motivo, fiquei obcecada por cactos.

Talvez minha mãe e seus mil e um cactos tenho tido uma leve influência nisso, mas é verdade que tudo que eu desenhava tinha um cacto. Fiz até um zine coletivo sobre isso!

Na minha cabeça de adolescente poética, o cacto me representava: forte, resiliente, com espinhos. (Sim, tive aquela fase de evitar me apegar às pessoas por medo de me decepcionar).

Isso se tornou uma temática, muitas pessoas começaram a me conhecer como "a garota dos cactos". Uma marca grande até chegou a plagiar uma estampa de camiseta minha (quem sabe, sabe)!

Tudo isso pra falar: eu amava cactos e não tinha medo de mostrar isso.

Não tinha nenhum pensamento bobo que hoje em dia às vezes bate na porta: "Será que as pessoas vão enjoar disso?", "Como vou conseguir prospectar essa ilustração?", "Isso cabe no portfólio?"...

Conforme fui monetizando minha arte, minha visão foi caminhando muito mais na direção do mercado, do que dentro de mim. Mas calma, não acho isso necessariamente negativo! Fez da minha arte minha carreira e sou muito grata.


Mas depois de ouvir essa palavra de novo, obsessão, comecei a refletir sobre isso. Por que não voltar ao mesmo de sempre?

O Instagram me fez ficar obcecada por números, curtidas, desconhecidos, aprovação alheia.

Quero voltar às minhas obsessões saudáveis.

Com isso em mente, comecei a explorar sem medo uma de minhas obsessões: Gatos.

Fiz uma série de ilustrações e planejo continuar!

Acredita que já me perguntaram o motivo de eu não desenhar cachorros? Como se eu não gostasse de cachorros!

Só que tem algo sobre gatos que me fascina. Além de ter 4 criaturas morando comigo, cada uma muito diferente da outra, eu adoro estudar seus movimentos e comportamentos. O jeito que o rabo fica, as posições que eles dormem, os tipos de pelagem e como posso representar isso na pintura digital, e por aí vai...

Então esperem por muitos gatos no feed, porque agora vou fazer o que quero!

Vou abraçar o que amo.


Links legais:

- O tal episódio do podcast Creative Pep Talk

- Um post do Behance meu de um compilado de "Mulheres com animais"



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